O artigo saiu ontem no Público e segue-se um extracto. Vale a leitura.
Cientistas portuguesas descobrem mutação responsável pela progressão do cancro
18.02.2009 - 20h50 Lusa
18.02.2009 - 20h50 Lusa
Investigadoras portuguesas, em colaboração com colegas de outros países, descobriram uma mutação genética responsável pela progressão do cancro que poderá contribuir para desenvolver o tratamento contra vários tipos de tumor.A descoberta, feita a partir da análise de amostras de tumores enviadas de vários países, vem descrita num estudo publicado na edição desta semana da revista Nature Genetics. "As colaborações internacionais surgiram depois de encontrarmos a mutação, de desenvolvermos alguns estudos funcionais e de descobrirmos que a mutação era biologicamente bastante relevante", disse hoje à Lusa a primeira autora do artigo, Sónia Melo. O trabalho foi realizado em Madrid, no Centro Nacional de Investigações Oncológicas (CNIO) - onde a investigadora portuguesa está a fazer doutoramento - na equipa de Manel Esteller, cientista espanhol de renome na área da epigenética do cancro. "O que eu vejo de mais interessante no estudo é que a mutação descrita tem como consequência que nos cancros estudados a produção de pequenas moléculas de RNA (ácido ribonucleico) que regulam a expressão dos genes, chamadas microRNAs, deixa de ser correcta", explicou Sónia Melo. A carcinogénese tem sido associada a várias vias, mas esta é a primeira vez que se liga a produção destas moléculas de RNA ao processo de desenvolvimento de tumores. "Os tumores desenvolvem-se porque as células 'defeituosas' não morrem e se dividem demasiado", afirmou a cientista. "Agora ficámos a saber que na base do processo e na progressão tumoral está também uma falha na produção daquelas moléculas de RNA que regulam a expressão génica". A descoberta é importante porque 25 por cento dos subtipos de cancros analisados apresentam mutação no gene TARBP2, que inactiva a proteína TARBP, o que leva a produção das microRNAs que induzem a expressão aberrante de genes com actividade cancerígena.